A Lei do Funil

Larga para alguns (poucos), estreita para todos os outros!

Aqui se fala, umas vezes a sério outras a brincar, de coisas que nos irritam, alegram, entristecem ou, muito simplesmente, nos enfadam.

2013-02-25

Afinal quem pagou (e paga!) a Segurança Social somos nós...



2013-02-20

Ouça e veja os sábios conselhos da nutricionista licionista mirim

Irresistível!



2013-02-15

Bicas, perdão, dicas para fugir à multa

«Quando saí do café, o homem, engravatado e educado, abordou-me:
"Boa tarde, sou da AT, Autoridade Tributária e Aduaneira..."

Eu, que nisto de diálogos com as autoridades tenho muito ano, desviei a conversa:
"O senhor desculpe-me, mas como é que AT quer dizer Autoridade Tributária e Aduaneira?"

Mas ele, também com muito ano, não atou nem desatou:
"Mostre-me a fatura, por favor."

E eu:
"Fatura, não tenho."

Ele:
"Mas tem de ter, tomou café."

Eu:
"Não tomei, não."

Ele, que a sabe toda:
"O senhor entrou no café e como consumidor final tem de pedir fatura."

Eu:
"Mas qual consumidor? E final? De onde é que me conhece para me chamar consumidor final?! Entrei no café para aquecer."

Ele:
"O senhor está a obtemperar..."

Eu sabia, ponham uma autoridade tributária a fazer de gnr e ele fica logo a falar como um gnr... Fugi para a frente:
"Exijo uma lavagem ao estômago para ver se há cafeína."

Olhei para o interior do café e vi as saquetas de publicidade:
"E tem de ser Delta! Porque ainda devo ter resíduos do Nespresso que tomei em casa..."

O tributário hesitou, guardou o papelinho da contraordenação (é o que eu dizia, é assim que eles chamam à multa) e mandou-me seguir.

Fiquei a vê-lo a caçar outro cliente. Este estava tramado, ainda mastigava o croissant...

Dali até à esquina, fui pelo passeio sempre a fazer sinais de luzes aos consumidores finais que iam em sentido contrário. »



2013-02-13

Os macacos sem fé e sem sonho que nos governam...

Baptista Bastos escreve no DN um texto notável sobre o Serviço Nacional de Saúde que não resisto a transcrever na íntegra. Baptista Bastos é alguém que me tem soado sempre amargo e de mal com a vida. Este texto mudou a minha forma de o sentir. Bem haja.

«No domingo, 27 de Janeiro, às 5 da tarde, fui internado de urgência no Santa Maria. Respirava com extrema dificuldade, era assaltado por terríveis acessos de tosse, não me mantinha equilibrado e estava apossado de funesta sonolência. Andava nesta obstinada teimosia há uma semana, ante os reparos dos filhos e as reprimendas da Isaura, que custodia as minhas disposições com a benevolência e a firmeza que lhe conferem cinquenta anos de vida em comum. Éramos dois miúdos e durante estes anos todos temos enfrentado vendavais sem conta. Continuamos dois miúdos, um pouco mais velhos.

Cheguei, pois, ao hospital num estado deplorável, em razão da minha presunção e soberba. Presumiu-se que uma virose me atacara; depois, talvez fosse vítima de embolia pulmonar. O despiste das doenças não impediu a minha acentuada fraqueza. Fui rodeado imediatamente de atenções e de solicitudes que logo notei serem iguais para todos quantos haviam entrado naquele crisol de sofrimento e de espanto. Pertencia, agora, a esta comunidade na qual o abatimento, a dependência, a fragilidade e a perda do recato pertencem ao mesmo número de resignadas admissões.

Pouco depois fui transferido para o Hospital Pulido Valente. Explicaram-me que, na Unidade de Cuidados Intermédios, dispunha de assistência assídua e especializada, e a minha miséria encontrava resposta na bondade, no carinho, no desvelo de um grupo de raparigas e de rapazes não só atento à medicação, procurando magoar-me o mínimo possível, com o furo nas veias débeis, como me lavavam, me limpavam, me cuidavam com a grandeza de quem não precisa de reciprocidade. A dimensão da humanidade na sua expressão acaso mais nobre. Sou-lhes eterno devedor.

Ao observá-los e à sua compassiva densidade, apreendi que os macacos sem fé e sem sonho, que nos governam, desejam não só dar cabo do Serviço Nacional de Saúde: eles querem, sobretudo, dissolver os laços de benevolência, essa ligação suave, decente e poderosa entre alma e coração, substância e essência que constituem a construção social e o espírito do SNS. O que são alianças de piedade e de solidariedade entre os que sofrem e os que cuidam, ajudam e amparam, eles ambicionam transformar em gélidas demonstrações profissionais, "justificadas" pelo dinheiro.

Estes que tais encontram, porventura, na maldita frase do banqueiro Ulrich ["eles aguentam, aguentam"] o mais sórdido apoio aos seus projectos de demolição social e ética. Estão do outro lado das coisas, ignoram a natureza concêntrica das grandes simpatias humanas. Têm o coração oco. Nada sabem dessa humanidade assustada, desvalida, a quem querem roubar o pouco que lhes resta, que sofre nas ruas, nos hospitais, que envelhece no pasmo de desconhecer o que lhes acontece. E ocorre-me a frase de Raul Brandão: "Apenas anseiam por um pouco de ternura e nada mais."»
governo_m4 (35K)



2013-02-05

Cantinho da cãozoada



2013-02-02

Novo dia...



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