A propósito de uma manchete do DN "Trabalhadores dos transportes não pagam medicamentos e recebem baixa por inteiro"
A propósito de uma manchete do DN "Trabalhadores dos transportes não pagam medicamentos e recebem baixa por inteiro" o novo Provedor do Leitor do Diário de Notícias, Oscar Mascarenhas, faz uma apreciação dura do (mau) trabalho jornalistico que está por trás daquela manchete, que o jornalista responsável justifica pelo manifesto "interesse público" da notícia.
«(...) Não há nenhum mal em um jornalista divulgar um argumentário interno de uma entidade pública. Mas mandariam as regras básicas do jornalismo que o fizesse de uma de duas maneiras: ou para denunciar a existência do documento como elemento de propaganda ou contra-propaganda política; ou para verificar a veracidade e consistência dos "argumentos". Ora, esta verificação faz-se através de investigação autónoma, confrontando documentos e informações disponíveis; ou, no mínimo, estabelecendo o contraditório, ouvindo aqueles contra quem se dirigem os argumentos. (...) invocar o interesse público e não cumprir o dever de lealdade para com os visados de os ouvir não é jornalismo, é propaganda. Foi esse, consciente ou inconscientemente, o exercício que o DN fez naquela manhã de terça-feira de Carnaval.» Notável. É a primeira vez que vejo um Provedor do Leitor exercer tão claramente a sua função. Tomara que continue. Porque se a função jornalística é essencial numa democracia é igualmente essencial alguém verificar e denunciar os casos em que ela se desvia do caminho correcto. Bem haja Oscar Mascarenhas! |
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