A Lei do Funil

Larga para alguns (poucos), estreita para todos os outros!

Aqui se fala, umas vezes a sério outras a brincar, de coisas que nos irritam, alegram, entristecem ou, muito simplesmente, nos enfadam.

2009-05-08

O contrário do fascismo é a democracia, não é outro totalitarismo qualquer!

PSD (57K)

Depois de tanta conversa e imagens sobre o tema da agressão a Vital Moreira no 1º de Maio (tanta que deu para enjoar o tema) eis que Fernanda Câncio, no Diário de Notícias,
Seria, é claro, interessante saber onde andavam as autoridades policiais que em regra são deslocadas para a zona de manifestações
aponta (finalmente) para aquilo que é verdadeiramente essencial: o facto de agressões físicas serem, sempre, um caso de polícia.
FC: «(...)As reacções foram (ou acabaram por ser), na generalidade, de desaprovação, com a notória e iniludível excepção da direcção do PCP. Mas uma questão foi pouco ou nada abordada: a da natureza do sucedido. Essa natureza foi aliás diluída na reacção dos próprios visados, que elidiram a sua componente mais óbvia: a de crime contra a liberdade e a integridade moral e física, e portanto de caso de polícia. É um erro. Conduzir as agressões e injúrias para o plano político-partidário e exigindo apenas por elas um pedido de desculpas opera, paradoxalmente, uma espécie de banalização da violência. Mais: permite que o caso se instrumentalize numa troca de galhardetes e acusações que chegou ao ridículo dos pedidos de desculpas cruzados.

Seria, é claro, interessante saber onde andavam as autoridades policiais que em regra são deslocadas para a zona de manifestações. E é de lamentar que a bateria de jornalistas presente no local não tenha tido a presença de espírito - e a coragem - de questionar agressores e injuriadores. Mas as autoridades teriam decerto a maior facilidade em identificar os envolvidos a partir das muitas imagens de TV disponíveis. Aí saber-se-ia, sem sombra de dúvida, quem são e, pela sua boca, os motivos que os moveram.

E isso - saber quem são estas pessoas e por que raio acham que têm o direito de fazer o que fizeram - não é nada despiciendo.

(...) Claro que chamar a polícia a mexer neste assunto teria custos políticos - num país em que por dá cá aquela palha se anuncia o regresso do fascismo, em menos de um fósforo teríamos tiradas sobre "pressões", "perseguição" e "polícia política". Sucede que fascismo, pressão e perseguição foi o que sucedeu neste 1º de Maio, com gente a arvorar-se em polícia política a coberto do anonimato e da cobardia do número, num linchamento simbólico. Nenhum antifascista digno do nome pactua com isso nem arranja justificações como "descontrolo individual" ou "crispação política" (como faz o comunista Vítor Dias numa carta ao director do Público).

Sucede que fascismo, pressão e perseguição foi o que sucedeu neste 1º de Maio, com gente a arvorar-se em polícia política...
Porque o contrário do fascismo é a democracia, não é outro totalitarismo qualquer.»



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