"Número desconhecido" no telemóvel é quase como alguém bater à nossa porta encapuzado
«(...) Qualquer pessoa está no direito de não querer explicitar o seu número de telefone. Mas terá que perceber que, em contrapartida, pode ficar sem resposta. De facto, trata-se de uma relação desigual e ‘unfair' de dois pesos, duas medidas. Uma das partes sabe com quem quer falar mas não se dá previamente a conhecer. (...) É um jogo em que uma das partes se esconde. (...) Poder-se-á argumentar que no tempo dos velhinhos telefones fixos sem ecrã também ninguém sabia quem era o interlocutor do outro lado da linha. É verdade, mas não podia ser de outro modo. Era universal. Além de que o próprio acto de fazer uma chamada telefónica, era, ainda, um acto algo selectivo. Mas hoje não. A universalização da posse e uso do telemóvel leva a que quase tudo se trate por esta via. Generalizando, é como se o telemóvel estivesse para as relações entre as pessoas como antes estava o encontro directo e pessoal. Quase faz parte de nós. Mais uma razão para ser uma relação aberta, equilibrada, sem paredes, sem biombos. Por isso, o "número desconhecido" é quase como alguém bater à nossa porta encapuzado... O paradoxal é que conheço quem não prescinda deste capuz, mas depois nas redes sociais como o Facebook expõe e divulga ‘urbi et orbi' a sua intimidade... Quando falo deste assunto, há quem me diga que tem o mesmo significado de uma pessoa não revelar o seu número nas agora mais dispensáveis listas telefónicas. Não concordo. Uma coisa é alguém não querer que o seu número seja público e assim evitar alguns contactos. Outra bem diferente é não se identificar previamente quando toma a iniciativa de contactar alguém! |
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