A Lei do Funil
Larga para alguns (poucos), estreita para todos os outros!
Aqui se fala, umas vezes a sério outras a brincar, de coisas que nos irritam, alegram, entristecem ou, muito simplesmente, nos enfadam.
2013-05-30
2013-05-29
O político Cavaco Silva descredibilizou-se
«(...) Com Cavaco Silva a degradação agravou-se. Ele falhou nas suas funções presidenciais básicas: contribuiu, com parte da classe política, para a perda da independência económica do País; fez vista grossa a constantes e variadas agressões à Constituição; foi complacente com os atropelos ao normal funcionamento das instituições democráticas e às ameaças à unidade do Estado que ocorreram, frequentemente, na ilha da Madeira. O político Cavaco Silva descredibilizou-se: o seu gabinete meteu-se em conspiratas contra o primeiro-ministro Sócrates; ele próprio foi confrontado na imprensa com a compra de uma casa e uma ligação ao BPN que afetou a sua reputação; viu políticos que o acompanharam serem suspeitos de crimes; afastou-se do povo ao queixar-se faltar-lhe dinheiro para despesas; não desmente ter entrado em conflito com o Conselho de Estado por causa do comunicado final. Cavaco Silva, para se sentir com dignidade de Estado, usa, pela segunda vez, o aparelho de Estado para castigar hipotéticas ofensas à instituição que, sem inocência mas sem culpa exclusiva, não consegue dignificar. Uma tristeza decadente, um reflexo do País.» |
2013-05-28
Palhaços...
É pequenada! Gostam de ver palhaços? Parece que sim... Eu, infelizmente, já não lhes acho graça nenhuma. |
2013-05-27
2013-05-26
Não devemos espantar-nos... ai não devemos, não!
"O povo suportaria, sem revolta nem murmúrio, certos erros graves dos seus governantes, de numerosas leis injustas... Porém, se uma longa sequência de abusos, de prevaricações e de fraudes revela uma unidade de desígnio que não passará despercebido ao povo, este toma consciência do peso que o oprime e compreende o que o espera: não devemos espantar-nos, então, que ele se revolte." John Loccke
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2013-05-23
A "Europa alemã" não é só uma ideia arrogante e egoísta
«(...)Na "Europa alemã" onde vivemos só se avança quando e onde Berlim quer. Não se combatem paraísos fiscais, mas prepara-se uma legislação que vai fazer de Chipre o modelo de resolução bancária. Mesmo antes de existir uma união bancária completa. Com isso, a fuga dos depósitos da periferia para o Norte vai continuar, de um modo insustentável. Portugal e a periferia só têm os custos da união económica e monetária (a perda da soberania monetária) e nenhum benefício (as empresas e os bancos financiam-se a uma taxa de juro muito superior à das economias mais ricas, ficando ainda estas com uma parte significativa dos impostos das empresas com mais sucesso, como é o caso da Holanda em relação às empresas do PSI-20 português). Berlim faz as regras, aplica as regras e joga contra os outros com as regras que ela mesmo impôs. A "Europa alemã" não é só uma ideia arrogante e egoísta. É um projeto incompetente que nos deixará a todos debaixo dos seus escombros. Se não mudarmos as regras antes de ser demasiado tarde.» |
2013-05-18
O sonho de Pedro Passos Coelho
«"Um terço é para morrer. Não é que tenhamos gosto em matá-los, mas a verdade é que não há alternativa. Se não damos cabo deles, acabam por nos arrastar com eles para o fundo. E de facto não os vamos matar-matar, aquilo que se chama matar, como faziam os nazis. Se quiséssemos matá-los mesmo era por aí um clamor que Deus me livre. Há gente muito piegas, que não percebe que as decisões duras são para tomar, custe o que custar e que, se nos livrarmos de um terço, os outros vão ficar melhor. É por isso que nós não os vamos matar. Eles é que vão morrendo. Basta que a mortalidade aumente um bocadinho mais que nos outros grupos. E as estatísticas já mostram isso. O Mota Soares está a fazer bem o seu trabalho. Sempre com aquela cara de anjo, sem nunca se desmanchar. Não são os tipos da saúde pública que costumam dizer que a pobreza é a coisa que mais mal faz à saúde? Eles lá sabem. Por isso, joga tudo a nosso favor. A tendência já mostra isso e o que é importante é a tendência. Como eles adoecem mais, é só ir dificultando cada vez mais o acesso aos tratamentos. A natureza faz o resto. O Paulo Macedo também faz o que pode.
Não é genocídio, é estatística.
Um dia lá chegaremos, o que é impor-tante é que estamos no ca-minho certo.
Não há dinheiro para tratar to-da a gente e é preciso fazer escolhas. E as escolhas implicam sempre sacrifícios.
Só podemos salvar alguns e devemos salvar aqueles que são mais úteis à sociedade, os que geram riqueza. Não pode haver uns tipos que só têm direitos e não contribuem com nada, que não têm deveres. Estas tretas da democracia e da educação e da saúde para todos foram inventadas quando a sociedade precisava de milhões e milhões de pobres para espalhar estrume e coisas assim. Agora já não precisamos e há cretinos que ainda não perceberam que, para nós vivermos bem, é preciso podar estes sub-humanos. Que há um terço que tem de ir à vida não tem dúvida nenhuma. Tem é de ser o terço certo, os que gastam os nossos recursos todos e que não contribuem. Tem de haver equidade. Se gastam e não contribuem, tenho muita pena... os recursos são escassos. Ainda no outro dia os jornais diziam que estamos com um milhão de analfabetos. O que é que os analfabetos podem contribuir para a sociedade do conhecimento? Só vão engrossar a massa dos parasitas, a viver à conta. Portanto, são: os analfabetos, os desempregados de longa duração, os doentes crónicos, os pensionistas pobres (não vamos meter os velhos todos porque nós não somos animais e temos os nossos pais e os nossos avós), os sem-abrigo, os pedintes e os ciganos, claro. E os deficientes. Não são todos. Mas se não tiverem uma família que possa suportar o custo da assistência não se pode atirar esse fardo para cima da sociedade. Não era justo. E temos de promover a justiça social. O outro terço temos de os pôr com dono. É chato ainda precisarmos de alguns operários e assim, mas esta pouca-vergonha de pensarem que mandam no país só porque votam tem de acabar. Para começar, o país não é competitivo com as pessoas a viverem todas decentemente. Não digo voltar à escravatura - é outro papão de que não se pode falar -, mas a verdade é que as sociedades evoluíram muito graças à escravatura. Libertam-se recursos para fazer investimentos e inovação para garantir o progresso e permite-se o ócio das classes abastadas, que também precisam. A chatice de não podermos eliminar os operários como aos sub-humanos é que precisamos destes gajos para fazerem algumas coisas chatas e, para mais (por enquanto), votam - ainda que a maioria deles ou não vote ou vote em nós. O que é preciso é acabar com esses direitos garantidos que fazem com que eles trabalhem o mínimo e vivam à sombra da bananeira. Eles têm de ser aquilo que os comunistas dizem que eles são: proletários. Acabar com os direitos laborais, a estabilidade do emprego, reduzir-lhes o nível de vida de maneira que percebam quem manda. Estes têm de andar sempre borrados de medo: medo de ficar sem trabalho e passar a ser sub-humanos, de morrer de fome no meio da rua. E enchê-los de futebol e telenovelas e reality shows para os anestesiar e para pensarem que os filhos deles vão ser estrelas de hip-hop e assim. O outro terço são profissionais e técnicos, que produzem serviços essenciais, médicos e engenheiros, mas estes estão no papo. Já os convencemos de que combater a desigualdade não é sustentável (tenho de mandar uma caixa de charutos ao Lobo Xavier), que para eles poderem viver com conforto não há outra alternativa que não seja liquidar os ciganos e os desempregados e acabar com o RSI e que para pagar a saúde deles não podemos pagar a saúde dos pobres. Com um terço da população exterminada, um terço anestesiado e um terço comprado, o país pode voltar a ser estável e viável. A verdade é que a pegada ecológica da sociedade actual não é sustentável. E se não fosse assim não poderíamos garantir o nível de luxo crescente da classe dirigente, onde eu espero estar um dia. Não vou ficar em Massamá a vida toda. O Ângelo diz que, se continuarmos a portar-nos bem, um dia nós também vamos poder pertencer à elite."» |
2013-05-15
2013-05-12
2013-05-11
Nervosa sim... mas com razão!
O quê?
O Governo diz que está empenhado em contrariar desemprego "muitíssimo elevado"? Pobres desempregados! O que mais aí virá. |
2013-05-02
Se o capitalismo só promete infelicidade duradoura e sem fim à vista a sua legitimidade ruirá pela base
«1. – Formulação do problema O consenso popular em torno da legitimidade do sistema capitalista é um fenómeno recente, que não tem mais que algumas décadas. A presente crise económica mundial e as orientações políticas dominantes adoptadas para lhe dar resposta ameaçam minar esse consenso nos seus alicerces. 2. – Antecedentes próximos A desagregação da URSS e a queda do Muro de Berlim foram interpretadas em certos círculos como uma vitória total do capitalismo sobre o comunismo, tornando mais atraente a corrente que, desde a viragem dos anos 80, batalhava por um programa de liberdade económica ilimitada. Na realidade, o comunismo foi derrotado por um sistema híbrido a que se convencionou chamar social-democracia ou "welfare state", caracterizado por harmonizar uma considerável margem de iniciativa empresarial com uma ampla provisão de bens públicos organizada por um estado democrático e liberal. Quis-se, porém, acreditar que a eficiência do sistema poderia ser drasticamente melhorada se a componente social fosse restringida em favor do alargamento da esfera da liberdade empresarial e da desregulação dos mercados. 3. – Os novos donos da realidade A precariedade e a incerteza face ao futuro decorrentes da crise iniciada em 2008 ajudaram a concentrar o poder económico e social nas mãos de muito poucos, até porque os tradicionais poderes compensatórios – poder do voto incluído – ruíram com fragor. O único poder efectivo que hoje conta é o do dinheiro. Vai daí, ganhou adeptos o projecto de uma sociedade inteiramente dominada pela lógica do capital, ao qual competiria distinguir sem contraditório o certo do errado, o racional do utópico, o real do ilusório. 4. – O consenso em questão Neste admirável mundo novo, os assalariados são estimulados a trabalhar mais ganhando menos, ao contrário dos empresários que só a troco de menos impostos trabalharão mais; cada desempregado deverá tratar de criar o seu próprio posto de trabalho; e os cidadãos não competitivos deverão ser privados de meios de subsistência, não podendo contar com o tradicional apoio estatal. Os bondosos empresários criam postos de trabalho na medida das suas moderadas possibilidades. À caridade competirá cuidar, o melhor que for possível, dos vencidos da vida. 5. – Fragilidade da presente orientação A legitimidade do capitalismo depende inteiramente da convicção popular de que ele é capaz de gerar progresso nas suas múltiplas dimensões: crescimento sustentado e emprego estável, mas também acesso a bens públicos como saúde e educação, sem esquecer oportunidades de desenvolvimento e liberdade pessoais. Por outras palavras, o capitalismo é valorizado pelo povo comum na medida em que é capaz de gerar empregos e prosperidade. Se, em vez disso, só promete infelicidade duradoura e sem fim à vista, justificada pela famosa "competitividade", a sua legitimidade ruirá pela base. Crescimento não significa hoje um futuro melhor, mas sofrimentos sem fim à vista acompanhados pela degradação do exercício das liberdades pessoais e colectivas. 6. – Ilusão de falsa segurança A ansiedade e o medo paralisaram os povos. Os protestos que por toda a parte se escutam são tímidos e frágeis face à gravidade de uma situação que ameaça prolongar-se por décadas. Este défice de oposição reforçou o ânimo dos que projectam uma radical inversão da ordem vigente. Mas só uma cegueira extrema lhes permitirá supor que essa passividade durará eternamente. Mais tarde ou mais cedo, possivelmente sob uma forma descontrolada e violenta, o dia do ajuste de contas chegará. 7. – Recomendação final O capitalismo nunca existiu e provavelmente nunca existirá sob forma pura. O projecto de tudo submeter a critérios de eficiência económica não produz no fim uma economia eficiente, mas tão só desorganização, retrocesso e barbárie, a exemplo desses países africanos onde o estado é mais frágil do que os poderes fácticos que se lhe opõem. Quem reconhece os méritos do capitalismo como máquina geradora de bem-estar deve simultaneamente aceitar que eles só ocorrem no quadro de uma sociedade organizada respeitadora da dignidade humana, sem esquecer que antes dos direitos dos produtores e dos consumidores estão os dos cidadãos.» João Pinto e Castro no JN |